quarta-feira, 15 de julho de 2009


É SÓ O AMOR
Tem muito tempo já que li um livro que contava uma linda história, que agora vou contar para vocês do meu jeito.
Em um reino muito distante, as pessoas eram bastante frias. O amor que tinham não passavam à diante, pois acreditavam que se dessem esse amor, elas ficaria fracas e morreriam. Pensando dessa forma, tudo foi ficando mais e mais frio, ninguém não se importava com ninguém, nada sensibilizava, elas simplesmente não amavam e não se sentiam amadas.
O rei já não amava a rainha, que em contra partida não amava a princesa, sem amor recebido, a princesa não esperava o príncipe, porque sabia que não ia dar seu amor a ele e nem iria receber amor. Os pastores não amavam os rebanhos, que deixaram de produzir leite e lã. O padeiro não amava mais a arte de fazer pães. As esposas não amavam seus maridos e assim não nasciam mais crianças nesse reino em que o amor não era exteriorizado, sentido. E tudo seguia sem cor, sem amor.
Até que um belo dia, um forasteiro chegou ao reino e achou de se apaixonar pela princesa e sem medo, entregou todo seu amor a ela, vendo que ele não havia morrido após entregar-lhe o amor, ela experimentou dar um pouco desse amor aos seus pais que ficaram surpresos com aquela luz que irradiava por todo o castelo.
Eis que o rei decretou que daquele momento em diante, era lei as pessoas darem e receberem amor, pois esse era o sentimento que iria salvar seu reino.
Os rebanhos nunca haviam produzido tanto leite e lã de qualidade como agora. Os pães que o padeiro fazia eram de excelente qualidade. Maridos e mulheres trocavam amor sem medo, e as crianças começaram a nascer saudáveis e cheias de amor para retribuir a dedicação dos pais.
Então, como em boa parte das histórias, todos viveram felizes para sempre.
Imaginem se a partir deste momento, cada um de nós resolvesse dar amor uns aos outros, sem nos perguntarmos se são brancos, negros, pardos, amarelos, índios, ricos, pobres, bons, ruins, lésbicas, gays, ladrões, assassinos, enfim; se pudéssemos amar nosso próximo, como gostaríamos de ser amados, e essa energia do amor tomasse tal proporção que acabasse com esse holocausto em que o nosso planeta Terra vive. Não existiriam mais guerras, nem fome, nem sede, as pessoas não passariam frio, e teríamos aprendido a maior lição de amor que o Nosso irmão Jesus veio nos ensinar. AMA TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO.
Quem sabe, nesse exato momento não estou plantando uma semente no teu coração que agora ler esse texto? A propósito, o amor é a maior força que existe, é ele que move nossas vidas, amar não dói, amar de peito aberto, faz bem ao coração e a alma.
E porque não agora olhar pro irmão que está ao teu lado, dar-lhe uma abraço fraterno e dizer meu irmão eu te amo?
Sei que esse tipo de coisa, alguém sempre tem que começar, então serei a primeira, você que agora está lendo, sinta-se abraçado e saiba que eu amo você meu irmão.
Ana Herbster

terça-feira, 14 de julho de 2009



A SAGA DO PAPAGAIO

Esse papagaio é velho. Ele não fala e vive quieto pelos cantos.
Lá fui eu encarnar a Veterinária para tentar desvendar se o tal bichinho afinal é novo ou velho.
Recorri às páginas de pesquisa do Santo Google, para resolver o mistério. Lia algo, levantava, ia até o quintal e examinava a pobre ave, que além de não entender nada do que estava acontecendo ficou bem desconfiada.
Mas daí você devem está pensando o quanto as lamparinas do meu cérebro estão apagadas, pra eu não levar logo o bicho em um Veterinário especializado em animais silvestres e acabar de uma vez por todas essa história.
Bem, acreditem, eu pensei nisso! Seria bem mais fácil a não ser pelo fato do papagaio não ter registro no IBAMA, já que eu não tinha a certidão de nascimento dele eu estaria cometendo um crime, daí meu fantástico mundo de Bob (vocês lembram desse desenho?) criou toda a cena na minha cabecinha fértil. Eu na sala de espera da clínica, segurando uma gaiola contendo uma ave silvestre dentro e a fiscalização chegando e me dando voz de prisão pelo tal delito. Desisti na mesma hora.
Lembrei que tenho uma amiga que mora em outra cidade que é Veterinária e sempre recorro a ela quando preciso saber algo relacionado aos meus bichinhos de estimação, entrei no messenger, e via que ela estava on-line, e fui logo perguntando:
- Oi...td bem??
Assim, como eu faço pra saber se um papagaio é novo ou velho?
- Hã?
Não sei...
- Ah, tudo bem...você deve ter faltado nessa aula.
Continuei nas páginas de pesquisas o que de fato não ajudou em nada e outra amiga fica on essa pelo menos é Advogada, daí se eu resolvo levar o bicho no Pet Shop pra saber a idade do mesmo, ela pode me ajudar quando eu for presa e tiver que responder a um inquérito por manter um animal silvestre em cativeiro. Dei um oi pra ela e perguntei se tava tudo bem. Então eis que ela me pergunta:
- Ta fazendo o quê?
- Eu to aqui num saga pra saber a idade de um papagaio...
- Como assim?
Mais uma vez expliquei toda a ladainha, e ela simplesmente me diz:
- Ué...pergunta pra ele! (risos)
- Eu tentei, mas ele continua calado e desconfiado, acho que não estou perguntando com jeitinho.
Outra idéia panaca me surge, vou ver se ele ta ficando careca, quer dizer, careca ele não pode ficar porque não tem cabelos e sim penas, criei um novo termo, vou ver se ele está ficando PENECA (faz sentindo); olhei o louro por todos os ângulos e nada constatei de errado com a sua bela plumagem. Pensei em gritar pertinho dele, se ele entrasse em pânico e ficasse se tremendo, era um serzinho idoso, mas também desisti dessa idéia porque fiquei achando que eu poderia matar o coitado de susto ou então deixa-lo em estado de choque que não necessariamente iria indicar que ele é velho, porque em qualquer idade se pode ter um treco desses. Outro fato que me levou a abortar a idéia medíocre, foi o fato de eu ser definitivamente taxada como louca pelo meu clã.
Mas nem tudo estava perdido já que me coloquei a olhar os pezinhos do papagaio e vi que era lisinho, sem calosidades ou qualquer camada esbranquiçada.
Voltei pro computador e contei minha análise pra minha amiga “Vet”, então ela me disse:
- Ah, então né velho não Ana.
Depois de tantas idéias absurdas e um pouco de pesquisa, consegui descobrir e só após parei pra pensar o que é a ociosidade de uma pessoa e principalmente quando vem acompanhada de uma pitada de curiosidade excessiva. Perder tanto tempo em algo tão fútil.
Mas pelo menos toda essa novela serviu de inspiração para escrever mais um post no meu blog.
agora que sei que o papagaio é novo, vou passar para a segunda etapa, que é faze-lo falar.

Ana Herbster

segunda-feira, 13 de julho de 2009


EU NÃO SOU UMA ROCHA
Eu não sou uma rocha. Eu não sou tão forte assim. Não sou um ser inabalável. Eu sou frágil. Eu tenho meus medos. Mas tenho sempre que representar o papel que sou uma fortaleza.
Isso me consome!
Sabe quando você sente um arrocho no peito e a garganta fechando? E você precisa chorar para tentar lavar a alma e colocar toda a dor e angústia pra fora. Mas você não pode se desmanchar em lágrimas porque existem pessoas que precisam que você segure a barra. Daí você vai pro banheiro, liga o chuveiro e chora baixinho, deixando as lágrimas descerem junto com a água que cai lavando o corpo cansado. Mesmo assim a angústia permanece nas suas entranhas e vai te consumindo de uma forma doída e você tem necessidade de gritar, berrar, para tentar fazer parar de doer. Você pega a toalha e vai pro quarto, liga a televisão no máximo pra tentar mascarar os soluços, e aquele choro sofrido, sai meio que em silêncio pra não correr o risco de ser escutada. Você olha pros quatro cantos do quarto e percebe que está sozinha, e isso te deixa ainda mais venerável, então você fecha os olhos e deseja ter um ombro onde você possa derramar seu pranto, e esse ombro tenha mãos pra te acariciar os cabelos, e essas mãos tenham um rosto para olhar dentro dos seus olhos e dizer que vai ficar tudo bem, e por mais que você seja pessimista o bastante pra não conseguir acreditar nisso, você vai ter uma boca para beijar sua face e todo esse conjunto pra te abraçar e te fazer sentir menos mal.
O caminho vai ficando cada vez mais estreito, e a impressão que temos é que estamos dentro de um funil, e que não vamos conseguir passar.
Porque por mais que você queria parar no tempo, isso perde também o sentido, porque você não quer se tornar uma paisagem morta sendo um mero figurante na vida.
Caminhos foram feitos para serem trilhados, por mais que algumas direções sejam obrigatórias, sempre temos uma chance de escolher por onde devemos ir.
Outro dia alguém me disse: Eu vivo matando um leão a cada dia! Se tem gente que consegue, porque eu não?
Quero matar meus leões, quero ressurgir das cinzas. Quero ser Ana novamente. Quero poder encontrar meu ponto de equilíbrio e voltar a sentir a vida de forma leve e pura.
Ana Herbster

sábado, 11 de julho de 2009



Um Ser Insone

O café sumiu!
Eu fiz uma garrafa cheia a pouco mais de duas horas atrás, e agora bebo a última xícara do meu fiel companheiro das madrugadas de insônia em meio a papel e caneta. São quatro e meia da manhã e só tenho pensado em três coisas.
Coisa número um: escrever.
Coisa número dois: tomar café.
Coisa número três: fumar.
E por falar em fumar, semana passada eu comentei com alguém que já nem lembro quem, que iria parar com esse vício, recordo também da pessoa ter me dado a maior força; espero lembrar quem é a boa alma para comunicar-lhe que definitivamente desisti da idéia de parar com o tabagismo.
Já que relatei meu nojento vício do cigarro, lembrei agora o quanto odiei com todas as minhas forças toda a cúpula ministerial e excelentíssimo senhor presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, por ter encharcado o maldito cigarro com impostos que deveriam ir para outros produtos. E falando em impostos, que raiva que dar do IPI zero na compra dos carros novos. Fico vendo televisão e aquelas propagandas todas e pensando que eu bem podia comprar um carro desses pra mim, afinal ta tão fácil hoje em dia. Mesmo que eu passasse apenas três meses com ele, porque esse é o tempo que as financeiras levam para reaver o devido veículo quando não pagamos as prestações do mesmo. Talvez eu nem usufruísse por esses longos três meses, já que pra rodar no carango eu teria que estar de tanque sempre abastecido, mas se eu comprasse um que fosse flex ficaria um pouco mais acessível, já que o álcool ta mais barato que a gasolina, por outro lado (é incrível como tudo tem o outro lado), o motor movido a álcool faz uma quantidade menor de quilometragem que o motor a gasolina, no final das contas seria trocar seis por meia dúzia.
Nem sei por que fico imaginando essas coisas, se nesse exato momento eu tivesse mesmo que um certo percentual alcoólico mínimo que fosse no meu organismo eu ficaria mais tranqüila, mas infelizmente estou completamente sóbria..
Acabou mesmo o café, sepultei o último gole no interior da minha boca, gole esse já frio e ainda não provei nada pior que café frio, é meio um gosto de beijo não dado misturado com cerveja quente.
Dilema. Faço ou não mais café?
Eu bem queria desfrutar mais algumas xícaras desse fruto de origem Africana, mas como gosto de café forte e amargo e como o pote contém pó não suficiente nem para mais uma rodada digna, desisto da idéia e me sinto órfã dessa campainha quente, aromática e deliciosa.
O café vai ficar para amanhã de manhã e isso não nenhum trocadilho infame com a música do Rei Roberto Carlos, é só porque o sono chegou, o café acabou e agora também fumo o último cigarro da jornada insone. Lembrei de mais uma coisa, agora tudo que quero é um alguém pra dormir de conchinha, mas isso é outra história.

Ana Herbster

quarta-feira, 8 de julho de 2009



MÓRBIDO? NÃO! AUGUSTO DOS ANJOS

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Mas muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, concordam em situá-lo como pré-moderno.
É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários.
Augusto dos Anjos nasceu no engenho Pau d'Arco, no município de Sapé, estado da
Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos 7 anos de idade.


Em

1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1907. Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura, influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo.
Com a obra de
Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia Sagrada ao qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.


Essa

filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte.

A poesia brasileira estava dominada por simbolismo e parnasianismo, dos quais o poeta paraibano herdou algumas características formais, mas não de conteúdo. A incapacidade do homem de expressar sua essência através da “língua paralítica” (Anjos, p. 204) e a tentativa de usar o verso para expressar da forma mais crua a realidade seriam sua apropriação do trabalho exaustivo com o verso feito pelo poeta parnasiano. A erudição usada apenas para repetir o modelo formal clássico é rompida por Augusto dos Anjos, que se preocupa em utilizar a forma clássica com um conteúdo que a subverte, através de uma tensão que repudia e é atraída pela ciência.


A obra de Augusto dos Anjos pode ser dividida, não com rigor, em três fases, a primeira sendo muito influenciada pelo simbolismo e sem a originalidade que marcaria as posteriores. A essa fase pertencem Saudade e Versos Íntimos. A segunda possui o caráter de sua visão de mundo peculiar. Um exemplo dessa fase é o soneto Psicologia de um Vencido. A última corresponde à sua produção mais complexa e madura, que inclui Ao Luar.


Sua poesia chocou a muitos, principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é um dos poetas brasileiros que mais foram reeditados. Sua popularidade se deveu principalmente ao sucesso entre as camadas populares brasileiras e à divulgação feita pelos modernistas.


O aspecto melancólico da sua poesia, que a marca profundamente, é interpretado de diversas maneiras. Uma vertente de críticos, na qual se inclui Ferreira Gullar, fundamenta a melancolia da obra na biografia do homem Augusto dos Anjos. Para Gullar, as condições de nossa cultura dependente dificultam uma expressão literária como a de Augusto dos Anjos, em que se rompe com a imitação extemporânea da literatura européia. Essa ruptura de Augusto dos Anjos ter-se-ia dado menos por uma crítica à literatura do que por uma visão existencial, fruto de sua experiência pessoal e temperamento, que tentou expressar na forma de poesia. A poesia de Augusto dos Anjos é caracterizada por Gullar como apresentando aspectos da poesia moderna: vocabulário prosaico misturado a termos poéticos e científicos; demonstração dos sentimentos e dos fenômenos não através de signos abstratos, mas de objetos e ações cotidianas; a adjetivação e situações inusitadas, que transmitem uma sensação de perplexidade. Ele compara a miscigenação de vocabulário popular com termos eruditos do poeta ao mesmo uso que faz

Graciliano Ramos. Descreve ainda os recursos estilísticos pelos quais Augusto dos Anjos tematiza a morte, que é personagem central de sua poesia, e o compara a João Cabral de Melo Neto, para quem a morte é apresentada de forma crua e natural.


Abordagem psicanalítica
Outros, Como

Chico Viana, procuram explicar a melancolia através dos conceitos psicanalíticos. Para Sigmund Freud, a melancolia é um sentimento parecido com o luto, mas se caracteriza pelo desconhecimento do melancólico a respeito do objeto perdido. A origem da melancolia da poesia de Augusto dos Anjos estaria, para alguns críticos, em reflexões de influências politica com os problemas de sua família, e num conflito edipiano de sua infância.


Abordagem bloomiana
Há ainda aqueles que tentam analisar a poesia de Augusto dos Anjos baseada em sua criatividade como artista, de acordo com o conceito da

melancolia da criatividade do crítico literário norte-americano Harold Bloom. O artista seria plenamente consciente de sua capacidade como poeta e de seu potencial para realizar uma grande obra, manifestando, assim, o fenômeno da "maldição do tardio". Sua melancolia viria da dificuldade de superar os “mestres” e realizar algo novo. Sandra Erickson publicou um livro sobre a melancolia da criatividade na obra de Augusto dos Anjos, no qual chama especial atenção para a natureza sublime da poética do poeta e sua genial apropriação da tradição ocidental. Segundo a autora, o soneto é a égide do poeta e, munido dele, Augusto dos Anjos consegue se inserir entre os grandes da tradição ocidental.


PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epgênesis da infância,

A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,

Este ambiente me causa repugnância...

Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia

Que escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -

Que o sangue podre das carnificinas

Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,

E há de deixar apenas os cabelos,

Na frialdade inorgânica da terra!




BUDISMO MODERNO

Tome, Dr., esta tesoura, e ... corte

Minha singularíssima pessoa.

Que importa a mim que a bicharia roa

Todo meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!

Também, das diatomáceas da lagoa

A criptógama cápsula se esbroa

Ao contato de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vidaIgualmente a uma célula caída

Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades

Fique batendo nas perpétua grades

Do último verso que eu fizer no mundo!


SOLITÁRIO

Como um fantasma que se refugia

Na solidão da natureza morta,

Por trás dos ermos túmulos, um dia,

Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia

Não era esse que a carne nos conforta

Cortava assim como em carniçaria

O aço das facas incisivas corta!


Mas tu não vieste ver minha Desgraça!

E eu saí, como quem tudo repele,

Velho caixão a carregar destroços


Levando apenas na tumbas carcaça

O pergaminho singular da pele

E o chocalho fatídico dos ossos!


terça-feira, 7 de julho de 2009



Tentativas frustadas de ter você.
É um complô do mundo contra nós,
Jogo de nervos.
Até onde iremos?
Como conseguiremos?
Não tenho limites,
Mas preciso encontrar uma saída.
Amar é uma enorme cilada,
Quero te roubar de vez.
Minha alma suplica a compaixão do mundo,
Dói tê-la porém não tocá-la.
Estou a mercê dessa vida,
Perco o controle.
Mas enquanto eu respirar,
Eu vou lutar com todas as armas,
Vou te esperar.
Não posso permitir que a dor da distância,
Dilacere meu coração,
Me leve à nocaute.
E os jornais anunciem:
Mais uma pessoa morre por amor.
Aqui jaz alguém que te amou.
Os amigos dirão:
Até no último suspiro chamou teu nome.
Ressucite-me!
Traga de volta o sentido de tudo,
Onde meu mundo já não era mundo.

Ana Herbster

segunda-feira, 6 de julho de 2009



Medo...

Carrego uma alma inquieta,
Medo do real e imaginário.
Um temor que não dorme,
Receio de tudo que não fui,
Pavor do hoje que sou.
Um ser covarde diante da vida,
Pequeno demais para esperar um futuro.
Em todos os momentos o nada surge,
Se instala, me atormenta.
Suga minhas vontades,
Semeia nessa terra fértil,
A colheita é farta.
Até onde os olhos possam ver,
Medo, medo, medo...
Não quero me tornar incapacitado,
Pela dúvida, pelo medo.
O medo corta a sintonia entre minha mente e meu coração.

Ana Herbster

sexta-feira, 3 de julho de 2009



2ª Parte:
Um “Fenômeno” Chamado Orkut!


Os sites de relacionamentos têm um grande percentual de adeptos, os internautas são completamente apaixonados por esse Orkut.
Tornou-se um ritual olhar o perfil, ver as fotos, os vídeos, recados, amigos, comunidades; acaba sendo uma identidade virtual de cada usuário.
E quem não tem um Orkut, ou pelo menos, não já teve um?
Se não, você não tem uma vida social virtual.
Até mesmo no mundo real, essa virtualidade toda nos persegue. Não se pede mais o número de telefone de uma garota. Simplesmente pergunta-se: Qual seu Orkut? E se a resposta é que não possui, isso desperta certos olhares desaprovando aquela pessoa por não ter um. Isso causa um “bafafá” só.
Enfim, parece que de alguma forma o Orkut é peça essencial a qualquer ser - humano. Mas como diz o ditado: “Tudo demais é veneno” e acaba mesmo sendo, mas uma peçonha que desperta a curiosidade de muitos.
Uma comparação que costumo fazer é entre o Orkut e uma novela, vejo-o como uma novela mexicana via internet.
Passa-se a acompanhar a vida dos outros usuários, entra-se no perfil e examina-se à fundo a página daquela pessoa. Monitora-se até quem escreve para quem, é uma forma ultra-moderna de fofocar sobre a vida alheia.
Sabemos quem está solteiro, namorando e até quem casou. E isso é uma grande e afiada faca de dois gumes, pois, com a mesma facilidade que se começa uma relação a mérito do Orkut, outras tantas terminam por culpa dele.
A realidade é que a tecnologia chegou com tudo à nossas vidas, e como tudo, possue o lado bom e ruim, talvez nossa missão como seres de carne e osso seja fazer dessa virtualidade toda, mais transparente e utilizar os benefícios que ela nos proporciona.

Ana Herbster

quinta-feira, 2 de julho de 2009



1ª Parte:
Eu Não Consigo Entender!


Eu não consigo acompanhar toda essa modernidade do mundo.
Está tudo tão semi-pronto que as pessoas estão congeladas para os demais sentimentos reais.
Bendita internet com suas salas de bate-papo e sites de relacionamentos, algo estilo supermercado, tudo lá a mostra. As prateleiras arumadinhas e nós somos os produtos. Destaque para as embalagens bonitas, o conteúdo nem importa tanto assim. Vamos com nosso carrinho de compras e levamos pra casa que nos causa brilho nos olhos, mas quando vamos conferir a mercadoria: NOSSA! PAREM TUDO! Esse aqui não serve! Esse então, onde está o conteúdo dessa tão bela embalagem?
Daí percebemos o quanto essa modernidade toda interfere no curso natural das coisas.
Hoje em dia para quê comprar um belo cartão e escrever algumas palavras sentimentais? Isso agora é piegas demais. Mandamos cartões virtuais e olha quem nem precisamos nos preocupar em deixar a data “tão” importante passar, já deixamos tudo agendado nos sites.
Tudo ficou tão mais fácil e tão mais sem graça depois de descobrimos o Ctrl “C” e Ctrl “V”, mecanicamente mais confortável.
A realidade é que apesar de ser uma usuária assídua de algumas modernidades tecnológicas, continuo achando tudo isso cinza demais.

Ana Herbster



quarta-feira, 1 de julho de 2009

AS FACETAS DE UM HOMEM CHAMADO VINÍCIUS DE MORAES


Poeta essencialmente lírico, o poetinha (como ficou conhecido) notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida.
Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell e Carlos Lyra.

Vinicius nasceu em 1913 no bairro da Gávea, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violonista amador, e Lidia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse em escrever poesias.[3] Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, no Botafogo, para terminar o curso primário. [4]
Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos depois, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.[5] Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.
Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos depois, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.
No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). No ano seguinte, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
Além da carreira diplomática, de onde atuou até o final de 1968, Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", obra de 1954. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.
Nos anos 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.
Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia 9 de julho, Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreria pela manhã.


Amar, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido.


Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele !


Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não.


O VELHO E A FLOR

Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta
em pétalas de amor.
Ana Herbster