terça-feira, 30 de junho de 2009




DESABROCHANDO
Chegou o tão temido dia para mim, resolvi postar algo de minha autoria, e o faço de forma tímida, pois não consigo nunca chegar a perfeição do que escrevo.
Porém motivada por uma frase de Clarice Lispector que diz: “Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
E é assim desabrochando um pouco aqui e ali, vou escrevendo, deixando meus medos de lado e deixando meu peito aberto...
Não tente viver,
Viver ultrapassa limites,
Transpõe barreiras,
Viva!
Não tente explicar sentimentos,
Sinta-os!
Não busque algo,
Encontre!
Não queira ser feliz,
A felicidade existe,
Está aí,
Seja feliz!
Sem preocupar-se,
Tudo é essência,
Porções,
Fragmentos.
Junte tudo,
Jogue dentro de sua alma,
Respire essa diversidade,
Sinta essa nova manhã,
Porque amanhã...
Ah...o amanhã é outro dia!

Ana Herbster

segunda-feira, 29 de junho de 2009


LACUNA DE UMA PAIXÃO
O fato de ter me apaixonado pela literatura no início da minha adolescência, me fez uma pessoa de pensamentos mais soltos. No “BUM” dos meus hormônios li de tudo um pouco, somente o tempo faria de mim mais seleta as leituras, mas nunca deixei de experimentar novas sensações e isso só veio somar.
Eu não tinha a mínima pretensão de apenas devorar textos de escritores renomados, mas eu buscava algo que pudesse ler e fazer minha alma divagar sem limite algum.
Foi no ano de 2005 que tive a oportunidade de conhecer alguém incrível, fui presenteada com um livro de sua própria autoria, então eu diante de um jovem que não tinha medo de ousar, era Dady, me encantei com Lacuna de uma paixão!
O livro me cativou desde sua primeira página que dizia assim:
Hoje eu me peguei contando lágrimas.
Quero compartilhar com vocês essa maravilha de livro, por isso escolhi alguns dos poemas que mais gosto, isso foi difícil, mas com esforço e dedicação procurei o melhor de algo muito bom!


Meu amor rejeitado.
Minhas loucuras detidas.
Suicídio de sentimentos.
Inquietude.
Que essa inquietude
Faça você entender e aceitar,
Se permitindo que os meus sussurros
Invadam a sua alma
Sem restrições,
Pra que eu seja
Acolhido.
Minhas loucuras sejam
Vivenciadas
E que os sentimentos vivam
Eternamente
E a alma esteja em
Repouso profundo


Paro, olho
E não compreendo.
Procuro explicações
Mas não encontro.
Pergunto
Mas ninguém responde.
Os livros
Nada contêm.
Os poetas
Em viagens poéticas,
Até que tentaram
Mas não conseguiram explicar.
Os filósofos
Não chegam a lugar nenhum.
No sermão de sábado
Até que o padre tentou
Mas não conseguiu.
A cigana
Tentou ver nas linhas das mãos;
Usou as cartas
Que segundo ela não mentem jamais,
Mas também não houve revelações.
Essa noite
Eu sei que sonhei com as respostas
Mas ao acordar não recordei do sonho.
A vida e seus mistérios
Fascinando os homens,
Mesmo que as perguntas
Não encontrem respostas.


Vivo
Sedento de paixão
Por ter coragem
De ser inteiro,
Rompendo a casca,
Me aventurando
Na vida,
Ouvindo os outros
Para poder entender
Seus corações.
Não tenho medo
De ser concreto
Nem me permitindo
Tolices
Fechando meu coração
Ao sofrimento,
Escondendo de mim
O que a poeira
Do tempo deixou.

sábado, 27 de junho de 2009

QUEM É ESSE "TAL" FERNANDO PESSOA?



Nome completo: Fernando António Nogueira de Seabra Pessoa.

Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório) em 13 de Junho de 1888.

Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus.

Estado civil: Solteiro.

Profissão: A designação mais própria será "tradutor", a mais exata a de "correspondente estrangeiro" em casas comerciais. O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.

Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1º. Dto. Lisboa. (Endereço postal - Caixa Postal 147, Lisboa).
Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas.


Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. É o seguinte o que, de livros ou folhetos, considera como válido: "35 Sonnets" (em inglês), 1918; "English Poems I-II" e "English Poems III" (em inglês também), 1922; livro "Mensagem", 1934, premiado pelo "Secretariado de Propaganda Nacional" na categoria Poema". O folheto "O Interregno", publicado em 1928 e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito.

Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.

Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reaccionário.

Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas e, sobretudo, à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria.

Posição iniciática: Iniciado, por comunicação directa de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal.
Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação".


Posição social: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.


Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.



"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."



“Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da civilização e o alargamento da consciência da humanidade.”


Sonho.
Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber.

Se acordoParece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,

Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.



Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,

Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira

E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.


Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,

Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.
Olhas-me de repente

De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.
Continuo a falar.

Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.
Até que neste ocioso

Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.


O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...
São as formas sem forma

Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.
São como se a tristeza

Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.


Ana Herbster

sexta-feira, 26 de junho de 2009


UM POUCO DE LISPECTOR PARA VOCÊS


“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."


Clarice Lispector, nascida Haia Lispector (Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977) foi uma escritora brasileira, nascida na Ucrânia. Autora de linha introspectiva, buscava exprimir, através de seus textos, as agruras e antinomias do ser. Suas obras caracterizam-se pela exacerbação do momento interior e intensa ruptura com o enredo factual, a ponto de a própria subjetividade entrar em crise.


De origem judaica, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. A família de Clarice sofreu a perseguição aos judeus, durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Seu nascimento ocorreu em Chechelnyk, enquanto percorriam várias aldeias da Ucrânia, antes da viagem de emigração ao continente americano.
Aportaram no Brasil quando tinha pouco mais de um ano de idade.
A família chegou a Maceió em março de 1922, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin. Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tania – irmã, todos mudaram de nome: o pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia – irmã, Elisa; e Haia, Clarice.


Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância. Falava vários idiomas, entre eles o francês e inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno, o iídiche.

Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer inoperável no ovário, diagnóstico desconhecido por ela.[carece de fontes?] Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Foi inumada no Cemitério Israelita do Cajú, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro.

Em dezembro de 1943, publicou seu primeiro romance, Perto do coração selvagem. Escrito quando tinha 19 anos, o livro apresenta Joana como protagonista, a qual narra sua história em dois planos: a infância e o início da vida adulta. A literatura brasileira era nesta altura dominada por uma tendência essencialmente regionalista, com personagens contando as dificuldades da realidade social do país na época. Clarice Lispector surpreendeu a crítica com seu romance, seja pela problemática de caráter existencial, completamente inovadora, seja pelo estilo solto, elíptico e fragmentário. Este estilo de escrita se tornou marca característica da autora, como pode ser observado em seus trabalhos subsequentes.

Na época da publicação, muitos associaram o seu estilo literário introspectivo a Virginia Woolf ou James Joyce, embora ela afirme não ter lido nenhum destes autores antes de ter escrito seu romance inaugural. A epígrafe de Joyce e o título, inspirado em citação do livro de Joyce Retrato do Artista quando Jovem, foram sugeridos por Lúcio Cardoso após o livro ter sido escrito. Perto do coração selvagem ganhou o prêmio da Fundação Graça Aranha de melhor romance de estréia, em outubro de 1944.

A obra de Clarice ultrapassa qualquer tentativa de classificação. A escritora e filósofa francesa Hélène Cixous vai ao ponto de dizer que há uma literatura brasileira A.C. (Antes da Clarice) e D.C. (Depois da Clarice).Em meados de 1970, Lispector começou a trabalhar no livro Um sopro de vida: pulsações, publicado postumamente. Este livro consiste de uma série de diálogos entre o "autor" e sua criação, Angela Pralini, personagem cujo nome foi emprestado de outro personagem de um conto publicado em Onde estivestes de noite. Esta abordagem fragmentada foi novamente utilizada no seu penúltimo e, talvez, mais famoso romance, A hora da estrela. No romance, Clarice conta a história de Macabéa, uma datilógrafa criada no estado de Alagoas que migra para o Rio de Janeiro e vai morar em uma pensão, tendo sua rotina narrada por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M. O livro descreve a pobreza e a marginalização no Brasil, temática que pouco aparece ao longo da sua obra.

UM POUCO DE CLARICE PARA VOCÊS...

Quem sabe, vocês posam tentar entender o universo de palavras que essa escritora nos faz encontrar, perder, viver...

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."

"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária."

"...estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda."

"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

"É difícil perder-se. É tão difícl que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo."

"Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação."


Ana Herbster

quarta-feira, 24 de junho de 2009


O INCRÍVEL NERUDA...PABLO NERUDA
Pablo Neruda nasceu em Parral, em 12 de julho de 1904, como Ricardo Eliezer Neftalí Reyes Basoalto. Filho um operário ferroviário, e de uma professora primária, morta quando Neruda tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda (inspirado no escritor checo Jan Neruda), que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.

Em 1906 seu pai se transferiu para Temuco, onde se casou com Trinidad Candia Marverde, que o poeta menciona em diversos textos, como "Confesso que vivi" e "Memorial de Ilha Negra", como o nome de Mamadre. Estudou no Liceu de Homens dessa cidade e ali publicou seus primeiros poemas no periódico regional A Manhã. Em 1919 obteve o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule com o poema Noturno Ideal.

Em 1921 radicou-se em Santiago e estudou pedagogia em francês na Universidade do Chile, obtendo o primeiro prêmio da festa da primavera com o poema "A Canção de Festa", publicado posteriormente na revista Juventude. Em 1923 publica Crespusculário, que é reconhecido por escritores como Alone, Raúl Silva Castro e Pedro Prado. No ano seguinte aparece pela Editorial Nascimento seus Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, no que ainda se nota uma influência do modernismo. Posteriormente se manifesta um propósito de renovação formal de intenção vanguardista em três breves livros publicados em 1936: O habitante e sua esperança, Anéis (em colaboração com Tomás Lagos) e Tentativa do homem infinito.

Em 1927 começa sua longa carreira diplomática quando é nomeado cônsul em Rangum, na Birmânia. Em suas múltiplas viagens conhece em Buenos Aires Frederico Garcia Lorca e, em Barcelona, Rafael Alberti. Em 1935, Manuel Altolaguirre entrega a Neruda a direção da revista Cavalo verde para a poesia na qual é companheiro dos poetas da geração de 1927. Nesse mesmo ano aparece a edição madrilenha de Residência na terra.

Em 1936, eclode a Guerra Civil espanhola; Neruda é destituído do cargo consular e escreve Espanha no coração. Em 1945 é eleito senador e obtém o Prêmio Nacional de Literatura. No mesmo ano, lê para mais de 100 mil pessoas no Estádio do Pacaembu em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes. Em 1950 publica Canto Geral, em que sua poesia adota intenção social, ética e política. Em 1952 publica Os Versos do Capitão e em 1954 As uvas e o vento e Odes Elementares.

Em 1953 constrói sua casa em Santiago, apelidada de "La Chascona", para se encontrar clandestinamente com sua amante Matilde, a quem havia dedicado Os Versos do Capitão. A casa foi uma de suas três casas no Chile, as outras estão em Isla Negra e Valparaíso. "La Chascona" é um museu com objetos de Neruda e pode ser visitada, em Santiago. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Lênin da Paz.

Em 1958 apareceu Estravagario com uma nova mudança em sua poesia. Em 1965 lhe foi outorgado o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, Grã-Bretanha. Em outubro de 1971 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Após o prêmio, Neruda é convidado por Salvador Allende para ler para mais de 70 mil pessoas no Estadio Nacional de Chile.
Morreu em Santiago em 23 de setembro de 1973, de câncer na próstata. Postumamente foram publicadas suas memórias em 1974, com o título "Confesso que vivi" .

Em 1994 um filme chamado Il Postino (também conhecido como O Carteiro e O Poeta ou O Carteiro de Pablo Neruda no Brasil e em Portugal) conta sua história numa ilha na Itália com sua terceira mulher Matilde. No filme Neruda torna-se amigo de um carteiro que lhe pede para ensinar a escrever versos (para poder conquistar uma bonita moça do povoado).

Durante as eleições presidenciais do Chile nos anos 70, Neruda abriu mão de sua candidatura para que Allende vencesse, pois ambos eram marxistas e acreditavam numa América Latina mais justa o que, a seu ver, poderia ocorrer com o socialismo. De acordo com Isabel Allende, em seu livro Paula, Neruda morreu de "tristeza" em setembro de 1973, ao ver dissolvido o governo de Allende.



Querer (Pablo Neruda)


Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.

NOTA:

Falar de literatura e não citar Neruda, é omitir um dos mais belos poetas que já existiu. Mestre em escrever, Neruda tem um estilo próprio, inconfudível. Ler suas obras é sentir o céu mais perto do corpo que possa imaginar.

Ana Herbster


terça-feira, 23 de junho de 2009


SOLIDÃO
NOTA:
Cada um de nós somos formados por partículas materiais e porque não dizer que também somos formados por partículas de sentimentos, os mais diversos possíveis.
Amor, Felicidade, Tristeza, Decepção, Raiva, Solidão...
Então resolvi pesquisar sobre a solidão, seja aquela solidão do ser sozinho ou aquela solidão de se sentir sozinho.

Definição de Solidão na Wikipédia:

Solidão é um sentimento onde uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. A solidão é mais do que o sentimento de querer uma companhia ou querer realizar alguma atividade com outra pessoa. Alguém que se sente solitário pode sentir dificuldades em estabelecer contato com outras pessoas.
Solidão não é o mesmo que estar desacompanhado. Muitas pessoas passam por momentos onde se encontram sozinhas, seja por força das circunstâncias ou por escolha própria. Estar sozinho pode ser uma experiência positiva, prazerosa e trazer alívio emocional, desde que esteja sob controle do indivíduo. Solitude é o estado de se estar sozinho e afastado das outras pessoas, e geralmente implica numa escolha consciente. A solidão não requer a falta de outras pessoas e geralmente é sentida mesmo em lugares densamente ocupados. Pode ser descrita como a falta de identificação, compreensão ou compaixão.
Em seu crescimento como indivíduo, o ser humano começa um processo de separação ainda no nascimento, a partir do qual continua a ter uma independência crescente até a idade adulta. Desta forma, sentir-se sozinho pode ser uma emoção saudável e, de fato, a escolha de ficar sozinho durante um período de solitude pode ser enriquecedora. Para sentir solidão, entretanto, o indivíduo passa por um estado de profunda separação. Isto pode se manifestar em sentimentos de abandono, rejeição, depressão, insegurança, ansiedade, falta de esperança, inutilidade, insignificância e ressentimento. Se tais sentimentos são prolongados eles podem se tornar debilitantes e bloquear a capacidade do indivíduo de ter um estilo de vida e relacionamentos saudáveis. Se o indivíduo está convencido de que não pode ser amado, isto vai aumentar a experiência de sofrimento e o consequente distanciamento do contato social. A baixa auto-estima pode dar início à desconexão social que pode levar à solidão.
Em algumas pessoas, a solidão temporária ou prolongada pode levar a notáveis expressões artísticas e criativas como, por exemplo, Emily Dickinson. Isto não implica dizer que a solidão desencadeia criatividade, ela simplesmente foi, neste caso, uma influência no trabalho então realizado pelo artista.


Solidão em vários idiomas:

Inglês: loneliness
Alemão: Einsamkeit
Árabe: الوحدة
Espanhol: soledad
Francês: solitude
Italiano: solitudine
Turco: yalnızlık

Solidão - Oswaldo Montenegro
...
De que adianta a primavera se o meu mundo perdeu a cor.
Viu aquela flor no vazo?
Ela está passando sede.
E não é só isso, lembra daquele retrato colorido?
Já tirei da parede.
Por favor, não repare, porque a minha vida é assim.
Às vezes quando pensamos que ela está no começo,
na verdade ela está no fim.

Solidão - Jamelão

Solidão é o que sinto na alma
solidão é um sentimento de dor
pra minha vida ser calma
terei que conseguir um amor
Solidão tem sido a minha guarida
solidão precisa me libertar
e ter também nesta vida
um alguém para amar
Penso em amar
amar alguém eu espero
sentir o seu calor
é isso que mais eu quero.

Solidão - Flávio Venturini

Tanto amei teu amor
Te confesso, desorientei
Perdi noçãoLouco e poeta que sou
Não pude resistir
Ao vê-la dizer adeus
Solidão, solidão
A noite de um só coraçã
oLuz negra luz
Fria chama
Voz que não diz sim
Ou não
A se arder de amor.

Solidão - Tom Jobim

Sofro calado,
Na solidão,
Guardo comigo a memória do teu vulto
Em eu tudo fiz por você,
E o resultado: desilusão o dia passa,
A noite vem,
A solução deste caso eu cansei de buscar
Eu vou rezar,
Pra você me querer,
Outra vez,
Como um dia me quis.

Solidão - Sandra de Sá

Solidão, dá um tempo e vá saindo,
de repente eu tô sentindo,
que você vai se dar mal
Solidão, meu amor está voltando,
daqui a pouco está chegando
me abraçando todo meu
A solidão é nada você vem na hora errada
em que eu não te quero aqui
Que solidão que nada,
eu preciso é ser amada,
eu preciso é ser feliz
Solidão, ele disse que me ama,
se amarrou em minha cama
me levou até o céu.

Solidão - Poesia Oculta

Às vezes eu me sinto sozinho no mundo também sei
Que as paredes não falam, não ouvem, não são alguém
A solidão me sufoca me maltrata
Sim eu sei como é difícil viver longe de quem me quer bem
Deitei em minha cama e vejo as horas se arrastarem
Eu também estou me arrastando
Procurando onde estão
Onde estão minhas forças, minha vontade
Onde foram então procuro em todos os cantos
Nos livros e na televisão
Só encontro solidão
Mesmo assim mantenho minha cabeça sempre erguida
Fortalecendo minha fé em Deus
Pois eu sei que a partida não está perdida
E se eu acreditar em manter do bem
Nem sempre a vida é bonita isso não é segredo
Pra ninguém mais é assim quem ela ensina
Ter coragem pra ir além
A solidão me sufoca me maltrata
Sim eu sei como é difícil viver longe de quem me quer bem
Como é difícil viver.

NOTA:
Até mesmo na dor, escontramos um lado bom, a Solidão é responsável por belíssimas obras, sejam elas poesias ou músicas.

Ana Herbster

domingo, 21 de junho de 2009


QUANDO O AMOR VACILA

Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.
Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.
Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
pelas tuas loucuras todas, minha vida.
Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.
Amo teu jogo triste.
As tuas roupas sujas
é aqui em casa que eu lavo.
Eu amo a tua alegria.
Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.
Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha de fim de semana.
Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.
Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.
Amo teu sistema de vida e morte.
Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.
Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.
Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.
Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.

POEMA RECITADO POR MARIA BETHÂNIA CUJO O AUTOR É DESCONHECIDO



Nota: É incrível como existem pessoas que conseguem transformar sentimento em palavras.
A primeira vez que ouvi esse poema, foi no CD Maricotinha Ao Vivo, simplesmente achei fabuloso a forma que o autor consegue dar sentimentalismo em cada palavra, em cada pontuação, uma obra dessa é feita para ler com os olhos da alma, do corpo e coração!

Ana Herbster





sábado, 20 de junho de 2009


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

ILEGAIS – VANESSA DA MATA

Desse jeito vão saber de nós dois

Dessa nossa vida
E será uma maldade veloz
Malignas línguas
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Ilegais
Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você,
Em cima de mim
Eu quero você
Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Olhos ilegais
Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você

quinta-feira, 18 de junho de 2009


Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

sexta-feira, 12 de junho de 2009





SONETO DO AMOR TOTAL

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Moraes

HISTÓRIA DO DIA DOS NAMORADOS

O Dia dos Namorados, ou em outras localidades estrangeiras Dia de São Valentim, é uma data especial e comemorativa na qual se celebra a união amorosa entre casais sendo é comum a troca de cartões e presentes com simbolismo de mesmo intuito, tais como as tradicionais caixas de bombons.
No Brasil, é comemorado em 12 de junho apartir de 1949, quando o publicitário João Dória trouxe a idéia do exterior e a apresentou aos comerciantes. Como junho é um mês de vendas baixas, eles decidiram comemorar a data nesse mês e ainda escolheram a véspera de Santo Antônio, o santo casamenteiro como o Dia dos Namorados.


quinta-feira, 11 de junho de 2009


" Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."


Clarice Lispector





quarta-feira, 10 de junho de 2009


Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular, "saudade", só conhecida em galego-português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar".
Diz a lenda que foi cunhada na época dos Descobrimentos e no Brasil colônia esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou ações. Provém do latim "solitáte", solidão.
Uma visão mais especifista aponta que o termo saudade advém de solitude e saudar, onde quem sofre é o que fica à esperar o retorno de quem partiu, e não o indivíduo que se foi, o qual nutriria nostalgia. A gênese do vocábulo está directamente ligada à tradição marítima lusitana.
A origem etimológica das formas atuais "solidão", mais corrente e "solitude", forma poética, é o latim "solitudine" declinação de "solitudo, solitudinis", qualidade de "solus". Já os vocábulos "saúde, saudar, saudação, salutar, saludar" proveem da família "salute, salutatione, salutare", por vezes, dependendo do contexto, sinônimos de "salvar, salva, salvação" oriundos de "salvare, salvatione". O que houve na formação do termo "saudade" foi uma interfluência entre a força do estado de estar só, sentir-se solitário, oriundo de "solitarius" que por sua vez advem de "solitas, solitatis", possuidora da forma declinada "solitate" e suas variações luso-arcaicas como suidade e a associação com o ato de receber e acalentar este sentimento, traduzidas com os termos oriundos de "salute e salutare", que na transição do latim para o português sofrem o fenômeno chamado síncope, onde perde-se a letra interna l, simplesmente abandonada enquanto o t não desaparece, mas passa a ser sonorizado como um d. E no caso das formas verbais existe a apócope do e final. O termo saudade acabou por gerar derivados como a qualidade "saudosismo" e seu adjetivo "saudosista", apegado à ideias, usos, costumes passados, ou até mesmo aos princípios de um regime decaído, e o termo adjetivo de forte carga semântica emocional "saudoso", que é aquele que produz saudades, podendo ser utilizado para entes falecidos ou até mesmo substantivos abstratos como em "os saudosos tempos da mocidade", ou ainda, não referente ao produtor, mas aquele que as sente, que dá mostras de saudades.
FONTE: WIKIPÉDIA


Poema Em Linha Reta


"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, que tenho sofrido enxovalhos e calado, que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, que, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos, arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."


(Álvaro de Campos)




"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."


(Cancioneiro)